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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Clube Bilderberg


Existem sociedades que, antes de aparecerem, ninguém fazia ideia de que pudessem de fato existir. Neste tópico, vamos falar de uma que, embora pertença à classe de sociedades secretas políticas, também foi alvo constante da curiosidade mundana.

Se um grupo de estudantes de Yale preparados para os cargos mais altos da política e finanças mundiais devido ao uso da influência e do dinheiro de seus pais já é algo que faz a imaginação voar (ver Skull and Bones), imagine agora um clube fechado, ao qual ninguém tem acesso. Em termos mais práticos, uma conferência anual não-oficial, na qual os convidados (ou seriam membros?) são restritos a um número de 130 pessoas. E, detalhe: não é qualquer um que participa desse encontro, mas apenas pessoas com alguma influência nas esferas de poder empresarial, acadêmico, midiático ou político.

Segundo relatos, esse grupo teria sido responsável por vários fatos aparentemente não ligados entre si, como a ascensão dos Beatles, a eclosão do Caso Watergate, nos Estados Unidos, e os resultados das últimas eleições norte-americanas (feito também atribuído aos Skull and Bones). Teria, ainda, dedo ativo na popularização da Coca-Cola, na ocupação norte-americana do Iraque e, pasmem, no fato de a Bolsa de Valores ter altas e baixas.

Quem seria esse grupo, exatamente? Mais uma vez, temos de apelar para a literatura já publicada, uma vez que os artigos de Internet são cheios de teorias da conspiração, o que os tornam altamente suspeitos e tendenciosos. O russo residente na Espanha Daniel Estulin, autor de um dos livros mais completos sobre esse grupo, afirma que eles tentam "criar uma ordem mundial em que todos, um dia, serão subservientes". E acrescenta: "É o que eles chamam de Governo do Mundo único. "

Porém, o estudo de Estulin, que levou cerca de 15 anos para ser finalizado, consegue ir a fundo no que hoje é conhecido como Clube Bilderberg. Com algumas variações, temos também grafias como Grupo Bilderberg e Conferência Bilderberg.

A maioria das informações veiculadas sobre esse clube tem como confirmação o livro de Estulin, que consegue fugir do clima de paranoia encontrado nos artigos da Internet. O Bilberderg, formado principalmente por ex-presidentes, dirigentes de empresas multinacionais, banqueiros, megainvestidores e intelectuais que atuam em diversas áreas, tem como braço principal um organismo chamado Council on Foreign Relations (Conselho das Relações Internacionais), cuja sede fica na cidade norte-americana de Nova York. O escritor diz que os cerca de três mil integrantes do CFR possuem um poder de proporções extraordinárias, influenciando as ações de diversos segmentos do governo dos Estados Unidos, entre eles órgãos como a CIA, o FBI e o IRS (Departamento do Tesouro). Boatos persistentes insistem que o Bilderberg, inclusive, já teria conquistado um voto de confiança de Barack Obama, o presidente eleito, e que também andaram falando com John McCain, seu adversário na disputadíssima campanha eleitoral.

Origens
ontar de maneira sucinta como esse grupo veio a nascer é uma tarefa hercúlea, mas, mesmo assim, não custa tentar. Relatos dão conta de que o grupo foi criado há exatos 55 anos, e que seu nome vem do local em que ocorreu a primeira reunião, em 1954: Hotel de Bilderberg em Oosterbeek, perto de Arnhemia, na Holanda.

Segundo Estulin, o Clube tinha por objetivo primário "debater assuntos relevantes e de interesse mundial". Entre seus membros contam, ainda hoje, todos os presidentes norte-americanos vivos (incluindo os Bush pai e filho), os dirigentes da Coca-Cola, da Ford, do Banco Mundial, do FMI, da Otan, da OMC, da ONU, vários primeiros-ministros e até mesmo representantes de várias casas reais europeias, e dos mais influentes meios de comunicação. Essa lista impressionante torna-se ainda mais assustadora quando vemos a inclusão de nomes como o ex-secretário de estado norte-americano Henry Kissinger, e as influentes famílias Rockefeller e Rotschild. Supostamente, seus membros reúnem-se, passam vários dias conversando, e não revelam o conteúdo do que foi tratado para absolutamente ninguém, sob nenhuma circunstância.

É claro que esse segredo acaba por gerar teorias das mais absurdas, e nunca confirmadas, como a de que eles possuem tamanho potencial que podem, se quiser, e se lhes for apropriado, provocar crises financeiras em certos países, apenas para beneficiar um aliado, derrubar e eleger governos, defender interesses variados, e, até mesmo, provocar guerras. Um exemplo muito utilizado para corroborar esse argumento é a queda de Slobodan Milosevic, ex-presidente da Sérvia e da República Federal da Iugolsávia. Ela teria sido tramada pelo Clube Bilderberg, segundo líderes sérvios. Recentemente há boatos de que a interferência na Siria também é uma das ações do clube Bildeberg, o que a ex-deputada síria deixa bem claro no vídeo abaixo (em português; estar no trecho de onze minutos a doze minutos do vídeo. 


Em artigo sobre o livro de Estulin, publicado no site do Terra, e assinado por Denise Mota, temos o seguinte comentário:

"Estulin não se esquiva de dar a lista completa dos que frequentam ou alguma vez estiveram nos encontros da dita organização (..). O trabalho foi realizado parcialmente em equipe e com base em informes e reportagens de outros autores, igualmente indicados copiosamente em seu documento.”

Devido ao livro, Estulin conta que há muito tempo deixou de ter uma vida normal e vive 24 horas por dia sob proteção de diversas equipes formadas por ex-agentes especiais da KGB. As investigações que leva adiante lhe causaram, ele diz, atentados dignos de James Bond. Em um deles, uma mulher estonteante num vestido de seda vermelho teria tentado seduzi-lo, sem sucesso, num quarto de hotel. O objetivo era depois jogar-se pela janela e implicá-lo num caso de homicídio; Em outro, após se encontrar com um informante, o jornalista teria percebido a tempo que, do elevador em que estava prestes a entrar, havia sido retirado o piso.

Esse tipo de informação pode parecer golpe de publicidade, mas os mais crentes e adeptos de teorias conspiratórias com certeza afirmarão que se trata de uma reação já esperada. Afinal, se tal sociedade secreta realmente existe, deveria, no mínimo, atacar aqueles que se propõem a divulgar sua existência...

A primeira Reunião
No entanto, deixemos de lado, por um instante, o mundo literário, para nos concentrarmos no Clube. Como teria sido a famosa primeira reunião? Aparentemente, ela aconteceu entre os dias 29 e 30 de maio de 1954. A iniciativa para sua realização teria partido de um imigrante polonês e conselheiro político chamado Joseph Retinger. Tudo teria tomado forma a partir da preocupação que ele tinha com o crescimento do antiamericanismo na Europa Ocidental. Por isso, ele articulou uma reunião internacional com líderes de países europeus e dos Estados Unidos o mais rápido possível. O choque entre as culturas dos países estaria em pauta. O primeiro que aceitou participar foi o Príncipe Bernard, da Holanda, que também passou a ser um promotor da ideia, juntamente com o então primeiro-ministro belga, Paul Van Zeeland.

Os membros convidados teriam de receber convite oriundo de dois participantes de cada país, que deveriam apresentar pontos de vista liberais e conservadores. Para que a reunião se repetisse com a peridiocidade desejada, foi criado um comitê executivo, para o qual Retinger seria indicado secretário permanente. Assim, começaram a ser registrados os nomes dos participantes, para que uma rede informal de pessoas pudesse se comunicar, com privacidade. Muitos enxergam nesse esquema uma espécie de sistema de relacionamentos nos moldes de um Orkut, por exemplo, mas sem páginas na Internet, e realizado no mundo físico, não no virtual.

Quando Retinger morreu, em 1960, o novo secretário permanente foi o economista holandês Ernst van der Beugel. Nesse período, as reuniões do Bilderberg tornaram-se uma espécie de linha direta entre os governos dos países envolvidos. O Príncipe Bernard permaneceu como presidente das conferências até o ano de 1976, quando, por se envolver num escândalo político, não houve reunião.

No ano seguinte, entretanto, as reuniões voltaram a acontecer; dessa vez com o ex-primeiro-ministro britânico Alec Douglas-Home na presidência. Depois dele, ascenderiam ao cargo, pela ordem, o ex-presidente da Alemanha, Walter Scheel; o ex-presidente do banco SG Warburg, Eric Roll; e o ex-secretário geral da Otan, Lord Carrington.

Algo realmente curioso é que alguns jornalistas chegaram a participar dessas reuniões; o que seria uma confirmação de que elas realmente acontecem. Porém, eles só têm acesso ao local com a condição de que manterão sigilo sobre os temas lá tratados. Um deles, o britânico Martin Wolf, afirmou que não há absolutamente nada de suspeito nesses encontros. O ex-chanceler britânico Denis Healey, um dos fundadores do grupo, afirmou em várias ocasiões que não há nada de errado acontecendo por lá.

Porém, a falta de divulgação a respeito do teor desses encontros, que alimenta a paranoia de grupos na Internet, leva a maioria das pessoas a exigir satisfações.

A Sede
Supostamente, a sede da organização localiza-se na Holanda. Porém, se alguém tentar entrar em contato, verá que mais parece uma empresa fantasma, e não algo que deva ser levado a sério. Para começar, não há nenhum tipo de funcionário à vista. O telefone é sempre atendido por uma secretária eletrônica; que, claro, pede para "deixar recado".


A reclamação dos que desconfiam dos verdadeiros propósitos do Bilderberg parece meio despropositada, pois há atas que registram o tal conteúdo dos encontros. No entanto, os documentos não possuem nenhum tipo de assinatura, o que nos leva a indagar: esses arquivos são originais, ou apenas forjados? E nem adianta procurar na Internet: as únicas páginas encontradas sobre o assunto resumem-se a resenhas do livro de Estulin.

A comissão Trilateral
(www.trilateral .org)

Um dos supostos desdobramentos do Bilderberg é a chamada Comissão Trilateral, fundada em julho de 1973 por David Rockefeller; nome que, por si mesmo, já é digno de nota. É o atual patriarca dessa família ainda influente e poderosa.


Um ponto que merece destaque é o fato de a comissão ter, ao contrário do Bilderberg, um site que pode ser acessado por qualquer pessoa. Longe de parecer algo mórbido, a página da Internet mostra até um link para afiliação. Afirma ainda que foi formada "por cidadãos privados da Europa, Japão e América do Norte, para ajudar a pensar desafios em comum e lideranças responsáveis por essas áreas industrializadas e democráticas".

O primeiro encontro para tratar de trabalhos aconteceu em Tóquio, no Japão, em outubro de 1973. Dois anos depois, ocorreu a primeira reunião com os grupos regionais em Kioto. Hoje, possui cerca de 350 membros oriundos da Europa, Ásia, Oceania e América do Norte.

O site, inclusive, é bem aberto, a ponto de disponibilizar aos interessados as recentes atividades do órgão, entre elas, os lugares e datas nos quais se realizarão os encontros regionais e o geral; previsto para ocorrer em Dublin, na Irlanda, em 2010.

As críticas feitas para a atuação desse grupo são as mesmas do Bilderberg: o segredo de suas atividades e a recusa dos membros em falar sobre as atividades em público, entre outras ressalvas. Vale lembrar que a Comissão é tida como ligada ao Bilderberg, mas não há uma única menção a essa suposta ligação no site oficial.

No primeiro ano e meio de sua existência, a Comissão produziu cerca de seis relatórios, conhecidos como "Informativos do Triângulo".

Tal atividade gerou o logotipo do grupo: três flechas que convergem para um ponto no centro, formando um triângulo. Esses relatórios serviram como diretrizes do desenvolvimento de seus planos, sendo empregados, também, como uma espécie de canal-antena, com a finalidade de avaliar a opinião do público.

Sobre a Comissão, temos este trecho de um artigo, publicado originalmente no site Mídia Sem Máscaras:

"Gary Allen (famoso jornalista conservador norte-americano), no lhe Rockefeller File, publicado em 1975, escreveu o seguinte: 'Se os documentos do Triângulo são indicativos de algo, podemos dizer que existem quatro eixos principais no controle da economia mundial.- o primeiro na direção de criar um sistema monetário mundial renovado', algo já realizado; `o segundo, na direção da pilhagem dos nossos recursos para uma ulterior radicalização das nações espoliadas', também já conseguido, considerando que Rockefeller e companhia enviaram bilhões de dólares em tecnologia americana à URSS e à China como requisito do futuro Governo Mundial Único e seu monopólio; 'o terceiro, na direção de explorar a crise energética para exercer um maior controle internacional', também já conseguido, com o temor de escassez energética, os movimentos de defesa do meio ambiente e a guerra do Iraque. O congressista Larry McDonald, em seu prólogo ao livro de Gary Allen, escreveu: Esta é uma exposição concisa, e que provoca calafrios, do que certamente foi a história mais importante do nosso tempo: a ideia dos Rockefeller e seus aliados de criar um Governo Mundial único que combine o supercapitalismo e o comunismo sob um mesmo teto, tudo sob o controle deles ( ..) os Rockefeller e seus aliados passaram pelo menos 50 anos seguindo um cuidadoso plano para controlar os EUA e o resto do mundo aumentando o seu poder político através do seu poder econômico : "

A ideia para a criação da Comissão foi apresentada pela primeira vez num encontro do Clube Bilderberg, realizado em Knokke, na Bélgica, durante a primavera de 1972. Rockefeller havia acabado de ler Between Two Ages, do professor Zbigniew Brzezinski, da Universidade de Columbia. A obra ecoava pessoalmente com Rockeffeler, pois descrevia o conceito de que "as pessoas, os governos e as economias de todas as nações devem servir às necessidades dos bancos e das empresas multinacionais". Dois meses depois, em julho de 1972, Rockefeller, já membro do Clube Bilderberg e então presidente do CFR, resolveu abrir sua casa em Pocantico Hills, próxima à cidade de Nova York, para estabelecer o local dos primeiros encontros da Comissão Trilateral.

A diferença entre o Clube Bilderberg e a Comissão Trilateral é que o primeiro é muito mais antigo, e limita sua afiliação aos membros da Otan, que são os Estados Unidos, Europa Ocidental e Canadá. Hoje em dia, com a ampliação tanto da União Europeia como da Otan, ex-membros do antigo Pacto de Varsóvia já podem entrar para o Bilderberg. A Comissão nunca teve esse tipo de restrição.


Porém, os propósitos de ambos os grupos continuam sendo obscuros. Por mais que divulguem o conteúdo de suas reuniões, enquanto teimarem em agir à surdina, sempre serão considerados sociedades secretas, ainda que não pertençam à linha esotérica. Quem sabe, nesse exato momento, não estejam a preparar o próximo passo para a dominação do mundo, mais próximos de realizar o sonho de um governo mundial único...


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